Novo capítulo nas relações comerciais Brasil-EUA: Etanol na mira das tarifas recíprocas

Exportações de etanol brasileiras crescem enquanto tarifas dos EUA impõem novos desafios. Entenda o impacto da nova estratégia de Trump.

Foto G1

O comércio de etanol entre Brasil e Estados Unidos, que já movimenta milhões de dólares, se prepara para um cenário de mudanças. Em 2024, o Brasil exportou US$ 181,8 milhões em etanol para o mercado norte-americano, mantendo um saldo amplamente favorável. Porém, com a recente decisão do governo de Donald Trump de implementar tarifas recíprocas sobre países que taxam produtos americanos, a relação comercial poderá mudar de forma significativa.


Uma balança com cifras milionárias

O Brasil exportou, até o momento, 313.341 metros cúbicos de etanol para os EUA, respondendo por um volume expressivo de US$ 181,8 milhões. Em contrapartida, importou 110.689 metros cúbicos do biocombustível norte-americano, somando US$ 50,5 milhões. O saldo da balança comercial é um reflexo claro da força do etanol brasileiro, que segue conquistando seu espaço no mercado internacional.


Trump e a nova estratégia comercial

O grande ponto de inflexão veio na última quinta-feira (13), quando o presidente dos EUA assinou um memorando anunciando a adoção de tarifas de importação recíprocas. A medida visa equilibrar o comércio entre os países e tem como foco principal o etanol brasileiro, devido à taxa de 18% aplicada pelo Brasil sobre o produto americano. De acordo com os EUA, essa taxação coloca os produtores norte-americanos em desvantagem no mercado global. No entanto, as tarifas de importação dos Estados Unidos sobre o etanol brasileiro têm sido mais brandas, variando entre isenção total e 2,5%.

O impacto nas negociações globais

Além das novas tarifas sobre o etanol, o memorando de Trump ainda abre a possibilidade de tarifas de até 100% para países do BRICS, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, caso esses países avancem na ideia de reduzir sua dependência do dólar em transações comerciais. Essa medida é uma resposta direta à tentativa de nações emergentes de buscar alternativas à moeda norte-americana, ampliando os impactos da decisão para um cenário global.


Posicionamento brasileiro: diálogo e cautela

Embora o novo posicionamento americano tenha gerado preocupação no mercado, o governo brasileiro optou por uma postura de cautela. O vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, defendeu que a medida não é uma ação direta contra o Brasil, mas sim uma abordagem genérica para avaliar o comércio exterior. “A balança comercial do Brasil com os EUA é equilibrada. O nosso foco é trabalhar no comércio ganha-ganha”, afirmou Alckmin, reiterando a intenção de manter o diálogo com os Estados Unidos e buscar soluções que não tragam prejuízos para os produtores brasileiros.

Segundo o ministro, a reciprocidade no comércio não significa simplesmente alíquotas iguais, mas sim um equilíbrio onde cada país é competitivo em suas áreas. “Onde você é mais competitivo, você vende mais. Onde é menos competitivo, compra”, completou Alckmin, indicando que o Brasil continuará apostando na negociação e no fortalecimento das relações comerciais.


Com os ventos de mudanças no comércio internacional e as tarifas recíprocas à vista, o Brasil se prepara para uma nova dinâmica no mercado de etanol. O futuro das exportações brasileiras dependerá da habilidade do governo em lidar com os desafios e, ao mesmo tempo, preservar as conquistas já alcançadas. O jogo do comércio está longe de ser simples, mas a estratégia de adaptação será crucial para determinar o próximo passo nessa disputa econômica.

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